Cada sessão de psicoterapia é única. É um encontro singular do momento: entre o que o paciente precisa e o que o terapeuta pode oferecer.
Um espaço seguro onde a escuta se faz presente e o setting terapêutico assegura poder falar o que dói, o que causa medo, o que incomoda…
E é nesse tempo dedicado exclusivamente ao autoconhecimento, que dos pequenos alívios iniciais e a cada sessão, pode-se ir ao alcance das transformações mais profundas.
Mas o que acontece depois que a sessão termina?
Certeza que nunca igual de quando iniciou… um dia pode envolver-se de um grande alívio, outro dia pode ser que saia um pouco mais confuso… outras na emoção de alegria de uma descoberta ou na curiosidade do que estar por vir… Outras vezes, um rol de perguntas e no outro o silêncio que fala.
A psicoterapia traz à tona, ao conhecimento o que nem sabíamos que estava ali, bem escondidas ou só não querendo ser vistas. E quando se permite conhecer, trazem consigo tanto sentimento quanto compreensão e elaboração.
O que fica após a sessão é algo invisível, mas potente: reflexões que ecoam no trajeto de volta para casa, sentimentos que ganham forma, memórias que pedem atenção, descobertas que mudam perspectivas. Desde um insight, e aquele ponto se amplia e se esclarece até um cansaço, porque o reviver emoções ou o pensar precisam de energia para além da coragem de se permitir nesse processo.
E com o passar das semanas, meses ou anos, vão ficando também os aprendizados — aqueles que se constroem aos poucos, no diálogo constante entre presente, passado e futuro, entre o que se sente e o que se pensa. A psicoterapia nos ensina a escutar a nós mesmos, a dar nome às nossas emoções, a reconhecer padrões repetitivos, a se cuidar e escolher mudar.
O que fica também é o movimento. Porque a psicoterapia é fluir no tempo. É permitir-se mudar. É aprender a viver com mais leveza, mesmo diante das dificuldades. É entender que estar bem nem sempre significa felicidade constante, mas sim consciência de si, compreensão emocional para saber lidar com o que está por vir…
E talvez o maior legado da psicoterapia seja a capacidade de continuar compartilhando o que vivemos, o que sentimos, o que aprendemos — com nós mesmos, com os outros e com o mundo. Está presente escolhas mais confiantes, nas palavras mais organizadas, nos gestos mais autênticos, nos olhares mais leves. Vive na forma como passamos a nos relacionar com a nossa vida e isso muda tudo!
—
E a seguir, compartilhando um relato… pós sessão, de um paciente:
Ciclos!!
A vida é composta por ciclos,
Por experiências, memórias, momentos,
Mas tudo acaba, ciclos se fecham
De maneiras diversas as coisas terminam
Pessoas se vão, às vezes só vão
Outras deixam marcas, dores, mágoas
Te fazem não querer vê-los nunca mais
O ódio escurece a razão, bloqueia todo o resto.
O trauma te deixa cauteloso, o medo da repetição,
Te faz penar, duvidar, se esconder,
Mas também bloqueia os momentos, as experiências
E então surge a pergunta:
Se você soubesse como acaba,
Soubesse como tudo ocorre,
Se você pudesse voltar no início de um ciclo qualquer, sabendo que tudo que irá viver e sabendo que acaba de um jeito dolorido, sofrido, sabendo de tudo isso…
Você escolheria viver aquilo de novo?
Os momentos, experiências, lembranças, histórias, tudo isso vale a pena?
Se sim, então mesmo que tenha sido traumático o fim, o que importa é a trajetória
São as coisas que vivemos juntos, que definem o valor das conexões, não é o fim delas que determina se foi bom ou ruim, é o conjunto, é o CICLO!
Texto escrito por Sabrina Maria Schlindwein. Psicóloga: CRP-12/05498.
Sou Psicóloga há 20 anos e atuo na Clínica com a abordagem Psicodrama há 15 anos. Considero que o objetivo da psicoterapia é promover um melhor entendimento de si e dos outros, reduzindo as angústias, medos e inseguranças que em algum momento da vida aparecem.